ES diz que população está quase em 'cárcere privado' e pede mais tropas

O governador em exercício do Espírito Santo, César Colnago, disse nesta quarta-feira (8) que pedirá mais homens da Força Nacional e do Exército para reforçar a segurança do estado. Desde segunda-feira (6), mil homens das Forças Armadas fazem policiamento na Grande Vitória. Duzentos integrantes da Força Nacional começaram a atuar nesta terça (7).



"Estamos tomando providências no sentido de aumentar o efetivo da Força Nacional, principalmente, que é policial, e das Forças Armadas, para que tenhamos segurança, nesse momento em que a sociedade se encontra sem condições de se deslocar, quase em 'cárcere privado'", afirmou.

Pelo 5º dia seguido, o estado vive uma onda de violência. Familiares de PMs pedem reajuste salarial e protestam impedindo a saída dos militares dos batalhões. O sindicato dos policiais já registrou 90 mortes violentas.

O secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, André Garcia, afirmou que, desde que as Forças Armadas passaram a patrulhar as ruas, "as ocorrências despencaram". Nenhum número oficial foi divulgado.

Garcia afirmou que todos os municípios da região metropolitana de Vitória estão atendidos pela Força Nacional. Agora, será reforçado o policiamento em cidades do interior, como Guarapari.
César Colnago disse que há pelo menos 500 policiais militares na rua, apesar da paralisação, e que vai fazer "tudo o que for preciso" para recolocar todo o efetivo na rua.

O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, criticou o movimento que impede o policiamento e disse que "o método adotado por algumas lideranças é um método que dá vergonha. É o método da chantagem".

"O caminho é um caminho errado, é um caminho que rasga a Constituição do nosso país, é uma chantagem. Se nós, capixabas, não enfrentarmos isso de frente, vai ser, hoje, aqui e, amanhã, no resto do Brasil. Isso é a mesma coisa que sequestrar a liberdade da população capixaba e cobrar resgate. Nós precisamos de muita coesão e firmeza”, disse Hartung. "Não pode pagar resgate. Não se paga resgate nem pelo aspecto ético, nem descumprindo a Lei de Responsabilidade 

Negociações

O governo diz que o reajuste pedido pelos PMs – reposição da inflação e ganho real de 10% – custaria R$ 500 milhões ao ano para o estado. Segundo Hartung, o estado enfrenta uma crise financeira e está "no limite" para dar reajuste salarial, dentro da Lei de Reajuste Fiscal.

Em 2016, o estado fechou as contas no azul, segundo dados do Relatório Resumido de Execução Orçamentária compilados pelo Tesouro Nacional. O resultado primário (a soma entre as despesas e as receitas) foi de R$ 316 milhões – ou seja, a “sobra” no orçamento no ano passado é inferior aos custos do aumento pedido pelos policiais. Mais de 60% da receita do estado – cerca de R$ 8,8 bilhões – foram gastos com pessoal e encargos sociais.

Colnago disse que, diferente de outros estados, "os servidores do Espírito Santo estão recebendo em dia". "Nós não somos um governo populista, que promete as coisas e não tem como cumprir. Não vamos ser irresponsáveis." Segundo ele, o governo só vai discutir reajuste quando tiver condições financeiras.

"Pedimos bom senso e razoabilidade, e não podemos colocar a população nessa situação", afirmou o governador em exercício.


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